quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Homenagem a Jung




No dia do Psicólogo, só posso agradecer a Jung pelo desvelamento de um universo simbólico, mítico e inconsciente, que presente de forma imaterial, tem guiado meus movimentos, no meu caminho de construção coreográfica, assim nasceram Skizo e Biurá - Aquilo que me move!

Skizo - Fotografia de Stefan Patay

"Eu não sou o que aconteceu comigo, eu sou o que eu escolhi me tornar."(C. G. Jung)

Biurá: contas de sonhos - Fotografia de Natália Alleoni

domingo, 3 de agosto de 2014

Paulo Marques - Vídeo Comentado

Aconteceu no "Gisele Alvim Espaço de Dança", no Rio de Janeiro, um encontro entre profissionais/pensadores da Dança, que juntos realizaram o primeiro "Vídeo - Comentado", título dado a esse encontro, onde a proposta é assistir e comentar as ideias, percepções e criações na área da Dança.
O evento foi conduzido por Paulo Marques, que possui uma história na Dança carioca passando por várias Companhias como bailarino, professor, mestre de balé, coreógrafo, pesquisador em dança e diretor de movimento. Com sua sabedoria e humildade, Paulo levantou questões do fazer artístico com o olhar generoso de quem se encontra imerso na contemporaneidade do fazer; e atento as possibilidades e escolhas que os artistas fazem na construção de sua poética.

Paulo Marques
O Vídeo escolhido, foi a coreografia Tríade de  Benjamin Millepied composta para o Ópera Nacional de Paris em um evento chamado "Homage to Jerome Robbins".

Iniciando e recheando as discussões Paulo trouxe autores como Susanne Langer e Fernando Pessoa, para inspirar a discussão.
Abaixo trechos dos textos citados.

"Se entretanto, fizermos quanto à poesia as mesmas perguntas que levantei sobre as outras artes, as respostas demonstram ser exatamente paralelas àquelas referentes à pintura ou à música ou a dança. O poeta usa o discurso para criar uma ilusão, uma pura aparência, que é uma forma simbólica não-discursiva. O sentimento expresso por essa forma não é nem dele, nem de seu herói, nem nosso. É o significado do símbolo. Pode ser que levemos algum tempo para percebê-lo, mas o símbolo expressa-o a todo momento e, nesse sentido, o poema "existe" objetivamente sempre que nos é apresentado, em vez de passar a existir apenas quando alguém efetua "certas repostas integradas" ao que o poeta está dizendo. As perguntas inicias, então, não são: "O que o poeta está tentando dizer, e o que pretende que nós sintamos a respeito?" Mas: "O que fez o poeta e como ele o fez?" Ele produziu uma ilusão, tão completa e imediata quanto a ilusão de espaço criada por alguns traços no papel, a dimensão de tempo em uma melodia, o jogo de poderes erigido pelo primeiro gesto de um bailarino. Mas o que ele cria não é um arranjo de palavras, pois as palavras são apenas seus materiais, dos quais produz seus elementos poéticos. Os elementos são o que ele desloca e equilibra, espalha ou intensifica ou aumenta, a fim de compor um poema."
 Sentimento e forma / Susanne Langer

"Os campos são mais verdes no dizer-se do que na sua descrição" 
 Fernando Pessoa.

O texto proposto por Paulo, reavivou outro na lembrança na voz de Rilke, e de um texto sobre criação que escrevi há um tempo atrás.

“Volte-se para si mesmo. Investigue o motivo que o impele a escrever; comprove se ele estende as raízes até o ponto mais profundo do seu coração, confesse a si mesmo se o senhor morreria caso fosse proibido de escrever. Sobretudo isto: pergunte a si mesmo na hora mais silenciosa de sua madrugada: preciso escrever? Desenterre de si mesmo uma resposta profunda. E, se ela for afirmativa, se o senhor for capaz de enfrentar essa pergunta grave com um forte e simples 'Preciso', então construa sua vida de acordo com tal necessidade; sua vida tem de se tornar, até na hora mais indiferente e irrelevante, um sinal e um testemunho desse impulso.” (Rilke, 2011, p. 25)

Fonte: 
Rilke, R.M. Cartas a um Jovem Poeta. Porto Alegre:RS, 2011.
http://www.nytimes.com/2008/09/24/arts/dance/24prem.html?_r=0