domingo, 12 de maio de 2013

Reencontro com Nêgo



“Viver de arte é resistência, mas é o que me faz feliz [...]” 
(Nêgo, apud Moura, 2013)

 
É curioso pensar na vida consciente e inconsciente...
Quantos passos, pessoas, sons, e amores vão atravessando o nosso caminho... Alguns ficam para sempre, outros na superficialidade da pele, e outros ainda, vão para a profundidade da memória. Mas reencontros acontecem, e um simples gesto ou uma imagem podem deflagrar todo um universo de lembranças e emoções. O que nos marca, marca para sempre, independente do tamanho da cicatriz. Foi isso o que aconteceu hoje ao me deparar com uma matéria sobre, Geraldo Simplício, ou Nêgo como é conhecido.
Artista cearense radicado em Nova Friburgo, região serrana do Rio de Janeiro, Nêgo faz esculturas no barro e pedra, e deixa que a natureza o ajude na criação, cobrindo seus movimentos com musgo, que Nêgo vai podando numa atitude de cumplicidade com a vida e a arte.




Intuitivo, Nêgo usa um tapa-olho na testa, para proteger o 6o chakra, que se relaciona a intuição e a percepção sutil. Foi com essa intuição que chegou ao tipo de arte que produz hoje. Em sua história original já havia trabalhado com barro, mas foi com a madeira que se estabeleceu como artista. “[...] Eu fazia esculturas de madeira, e esse tipo de trabalho começou por acaso. Deixei uma dessas obras ao ar livre e protegi com plástico. Depois de um tempo, vi que havia musgo em tudo. Nunca mais parei [...]”(Moura, 2013)
As esculturas estão em permanente transformação. Construídas nos barrancos de sua propriedade seguem o ritmo e os acontecimentos da natureza. Foi o que aconteceu com as chuvas de 2011 que atingiram Nova Friburgo e sua propriedade, destruindo e danificando algumas obras. Nêgo pacientemente reelaborou o que foi desfeito e reconstruiu.



Estive em sua propriedade em 2005 e enquanto visitava o jardim e suas construções fui escutando suas histórias e impressões. Ainda não entendia certas questões do fazer do artista e sua relação com o inconsciente; mas foi dele que escutei pela primeira vez uma afirmativa que ouvi depois em outros lugares e situações. Disse ele: “[…] nas profundas águas do lago, o louco e o artista mergulham; no entanto só o artista consegue nadar sem se perder, e depois de explorar a profundidade das águas escuras consegue emergir e respirar. O louco não consegue encontrar o caminho de volta.” (Nêgo, comunicação pessoal, 2005)
Me encantei com suas palavras, mesmo sem entendê-las em profundidade, lembrei de Nijinski de seu processo de loucura e naquele momento, me perguntei se ele havia perdido o caminho num mergulho assim.




Fontes Bibliográficas:
MOURA, A. Revista O Globo Caderno Serra, 12/05/13.
Fontes das Imagens:
http://mapadecultura.rj.gov.br/nova-friburgo/geraldo-simplicio/
http://www.viagemesabor.com.br/noticias/roteiros/br/sudeste/rj/tere_fri_jardim_do_nego
http://www.facool.com.br/blog/index/page/76
http://osmeuslinksforenses.blogspot.com.br/2012/09/jardim-do-nego.html
http://artsedge.kennedy-center.org/arts-days/march/12.aspx

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