Masque, sem data. |
O inconsciente é fonte de sentimentos, imagens, criações e carrega um universo de mistério e invisibilidade. No entanto seu alcançe e seu poder envolve toda possibilidade de desenvolvimento e existência inclusive as mais doídas, solitárias e mortíferas. Ele possui em sua essência essa dualidade de vida e morte: pode ser delicadamente criador e poderosamente destruidor.
Sinto uma ligação muito forte com essa instância e coloquei minha criação a cargo dessa imprevisibilidade que não sei se posso controlar, mas sinto uma necessidade de me arriscar nessa jornada.
Sempre que retorno a esquizofrenia e os estudos sobre doenças mentais, é como se me aproximasse de uma areia movediça que parece me tragar para o seu interior, com o peso de uma morte.
Pensando sobre o processo de esquizofrenia de Nijinsky, lembrei de seus desenhos que compartilho aqui. Esses desenhos foram feitos em um momento desesperador, de tentativa de dizer algo que ele mesmo não compreendia. Redigia seu diário e traçava formas, talvez precisando dar voz ao turbilhão que o atormentava e o dominava.
Figures géométriques , sem data. |
Portrait de femme, en buste, avec une coiffure en pain de sucre, sem data. |
Danseuse, ou Le Dieu de la danse, sem data. |
Fonte dos desenhos:
Nijinsky, catálogo da exposição, "Éditions de la Réunion des musées nationaux", 2000, Paris.
“Cada um desses indivíduos – esquizofrênicos ou marginais de vários gêneros – possui suas peculiaridades, mas todos têm contato íntimo com as forças naturais, brutas, virgens do inconsciente. Que hajam configurado visões, sonhos, vivências nascidas dessas forças primígenas, eis um dos mistérios maiores da psique humana.”
Nise da Silveira
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