Sagração da Primavera: Lembrança e Comemoração
Há 107 anos atrás estreava em Paris no Théâtre des Champs -
Élysées, “A Sagração da Primavera”, balé com música de
Igor Stravinsky e coreografia de Vaslav Nijinsky. A obra, música e
dança , causou furor e vaias numa plateia que sentiu-se agredida por
movimentos incompreensíveis para aquele momento.
A segunda criação de Nijinsky é tão polêmica quanto a primeira,
“L’aprés midi d’un Faune”, e teve dificuldade (a
princípio) de encontrar seu espaço, dada a inovação e
profundidade artística. A encenação de uma existência primitiva e
o sacrifício de uma jovem para fecundar a terra e propiciar uma boa
colheita, chega à cena através de elementos míticos e simbólicos,
a ritualização de um sacrifício em movimentos fortes, posições
arqueadas dos corpos, posição interna dos pés; saltos e tremores
em um corpo que se volta para si mesmo.
Nestes mais de 100 anos, inúmeros coreógrafos construíram suas
versões para esse ritual, respondendo a provocação que a obra/tema
carrega. Até seu centenário, em 2013, existiam mais de 200
releituras /recriações registradas, e esse número só aumenta com
novos trabalhos e novos olhares que vão construindo uma nova forma
de ritualização do sacrifício.
A obra original se perdeu, restando apenas desenhos, partituras,
textos e fotografias; material reunido e reconstruído
arqueologicamente pelos pesquisadores Millicent Hodson e Kenneth
Archer. Graças a essa pesquisa, a obra existe desde 1987, sendo
reapresentada em vários Teatros e Companhias pelo mundo afora. Em
2014, tive a oportunidade de entrevistar essa importante pesquisadora
que me presenteou com seus desenhos, fotos, ensaios e informações
sobre seu trabalho de pesquisa. Lembrança e Comemoração.
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