Aconteceu no "Gisele Alvim Espaço de Dança", no Rio de Janeiro, um encontro entre profissionais/pensadores da Dança, que juntos realizaram o primeiro "Vídeo - Comentado", título dado a esse encontro, onde a proposta é assistir e comentar as ideias, percepções e criações na área da Dança.
O evento foi conduzido por Paulo Marques, que possui uma história na Dança carioca passando por várias Companhias como bailarino, professor, mestre de balé, coreógrafo, pesquisador em dança e diretor de movimento. Com sua sabedoria e humildade, Paulo levantou questões do fazer artístico com o olhar generoso de quem se encontra imerso na contemporaneidade do fazer; e atento as possibilidades e escolhas que os artistas fazem na construção de sua poética.
Paulo Marques |
O Vídeo escolhido, foi a coreografia Tríade de Benjamin Millepied composta para o Ópera Nacional de Paris em um evento chamado "Homage to Jerome Robbins".
Iniciando e recheando as discussões Paulo trouxe autores como Susanne Langer e Fernando Pessoa, para inspirar a discussão.
Abaixo trechos dos textos citados.
"Se entretanto, fizermos quanto à poesia as mesmas perguntas que levantei
sobre as outras artes, as respostas demonstram ser exatamente paralelas
àquelas referentes à pintura ou à música ou a dança. O poeta usa o
discurso para criar uma ilusão, uma pura aparência, que é uma forma
simbólica não-discursiva. O sentimento expresso por essa forma não é nem
dele, nem de seu herói, nem nosso. É o significado do símbolo. Pode ser
que levemos algum tempo para percebê-lo, mas o símbolo expressa-o a
todo momento e, nesse sentido, o poema "existe" objetivamente sempre que
nos é apresentado, em vez de passar a existir apenas quando alguém
efetua "certas repostas integradas" ao que o poeta está dizendo.
As perguntas inicias, então, não são: "O que o poeta está tentando
dizer, e o que pretende que nós sintamos a respeito?" Mas: "O que fez o
poeta e como ele o fez?" Ele produziu uma ilusão, tão completa e
imediata quanto a ilusão de espaço criada por alguns traços no papel, a
dimensão de tempo em uma melodia, o jogo de poderes erigido pelo
primeiro gesto de um bailarino.
Mas o que ele cria não é um arranjo de palavras, pois as palavras são
apenas seus materiais, dos quais produz seus elementos poéticos. Os
elementos são o que ele desloca e equilibra, espalha ou intensifica ou
aumenta, a fim de compor um poema."
Sentimento
e forma / Susanne Langer
"Os campos são mais verdes no dizer-se do que na sua descrição"
Fernando Pessoa.
O texto proposto por Paulo, reavivou outro na lembrança na voz de Rilke, e de um texto sobre criação que escrevi há um tempo atrás.
Fonte:
Rilke, R.M. Cartas a um Jovem Poeta. Porto Alegre:RS, 2011.
http://www.nytimes.com/2008/09/24/arts/dance/24prem.html?_r=0
O texto proposto por Paulo, reavivou outro na lembrança na voz de Rilke, e de um texto sobre criação que escrevi há um tempo atrás.
“Volte-se para si mesmo. Investigue o motivo
que o impele a escrever; comprove se ele estende as raízes até o
ponto mais profundo do seu coração, confesse a si mesmo se o senhor
morreria caso fosse proibido de escrever. Sobretudo isto: pergunte a
si mesmo na hora mais silenciosa de sua madrugada: preciso escrever?
Desenterre de si mesmo uma resposta profunda. E, se ela for
afirmativa, se o senhor for capaz de enfrentar essa pergunta grave
com um forte e simples 'Preciso', então construa sua vida de acordo
com tal necessidade; sua vida tem de se tornar, até na hora mais
indiferente e irrelevante, um sinal e um testemunho desse impulso.”
(Rilke, 2011, p. 25)
Fonte:
Rilke, R.M. Cartas a um Jovem Poeta. Porto Alegre:RS, 2011.
http://www.nytimes.com/2008/09/24/arts/dance/24prem.html?_r=0
Nenhum comentário:
Postar um comentário