Em Natal, tive o
prazer e a possibilidade de encontrar um ser de luz, artista mágico
que em poucos minutos, encantou-me e me preencheu de uma graça que
só acontece em momentos onde o sublime se estabelece.
Carlos Zens é um
músico contemporâneo, que transita entre o popular e o erudito,
construindo melodias que cantam, emocionam e fazem brotar um
movimento único e primordial; coletivo e sensível. Desse encontro
surgiu o encantamento e a reverência.
Reverência que
acontece espontaneamente quando estamos diante do infinito, diante de
um artista que move o mundo com a sua sensibilidade.
Desse encontro,
alguns instantes, palavras e gestos de Carlos Zens, permaneceram
comigo e transformaram-se no papel em uma nova construção, textual
e emotiva.
O encontro com
Carlos Zens me fez sentir diante de uma grandeza incalculável, o
Cosmos: grande e frágil.
No início da
conversa foi contando da sua história, das suas escolhas. Não
queria simplesmente se juntar a uma orquestra. Pensava o seu caminho,
sonhava o seu caminho...
Da escolha do
caminho, se impôs a escolha do mercado. Imposições que não são
fáceis de lidar, e quase nunca são justas.
Ele trabalha com a
música, os sons que surgem em sua cabeça...(ou em sua alma?)
Ele trabalha com
gente, alunos que vão surgindo em seu caminho, e que ele gentilmente
vai dando aulas, conversando, emprestando instrumentos, conduzindo
pela vida. O seu respeito pelo outro é profundo e segue a mesma
delicadeza das notas que saem da sua flauta.
Falando sobre seus
momentos de criação, foi falando das 'acontecências': acordou com
uma música de Mozart na cabeça, e foi ela que conduziu uma nova
composição.
Entre os sons da sua
fala, e o passeio dos seus olhos, me sentia grata por compartilhar
tantos momentos especiais de criação. Devaneei com Carlos Zens e
quando voltei a realidade, ele falava em "Sagrar ….. Sagração
…". Participava de um evento e a Sagração surgiu. Lembrei de
Nijinsky e sua Sagração. De repente tantas coisas me vieram a
mente.....
O mito da Sagração,
que se relaciona com a terra e o simples.... com o primordial.
Primordial como Carlos Zens e sua música.
Começou a falar das
composições. Sua cabeça está cheia de coisas que desconhece,
essas coisas afloram e buscam o suporte da sua mão, que transforma
imagem em escrita musical e depois em som melodioso.
Senti uma
reverberação agoniada em seu corpo, as criações o afetam
profundamente. O que se exterioriza em sua fala é uma ínfima parte
do que o revolve. Uma intensa ebulição o acomete, e ele em sua
calma quase baiana, vai permitindo que migalhas desse processo
transpareçam.
Tantas coisas foram
ditas....... surgiu Jung e eu fiquei incrédula que realmente não
estivesse sonhando. Perguntou do meu trabalho, do que eu pesquisava,
e ao descrever a pesquisa com Jung, ele citou, de repente, "O
Homem e os seus Símbolos" e depois foi pegar em seu quarto
outro livro de Jung "O espírito na Arte e Ciência". Não
era acaso, palavra melhor seria 'sincronicidade', mas tantas outras
poderiam surgir, até 'um encontro de alma'.
Senti um respeito
sagrado pelo seu momento, pela sua entrega, pela sua delicadeza e
pela sua arte.
Um artista profundo
e delicado, como o Cosmos que nos envolve.
Adriana Barcellos, as vezes nem me dou conta das minhas fazeduras de coisas, que são muitas, são palavras, viagens, sonhos e muitas criações, assim confesso a você que acho até bom, pois quando me dou conta, é bem depois, coisas da alma e do coração, por enquanto vou escrever aqui me satisfação pelo seu encontro, tão rápido, mas maravilhoso, no momento apenas digo estas palavras, também agradecimento e obrigado pela tua presença e pelas tuas palavras tão bonitas, para minha pessoa, vou ti enviar gradualmente, algumas palavras, essas são as primeiras. Um caçuá de abraço. Carlos Zens.
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