domingo, 8 de dezembro de 2013

Meu encontro com Carlos Zens

Em Natal, tive o prazer e a possibilidade de encontrar um ser de luz, artista mágico que em poucos minutos, encantou-me e me preencheu de uma graça que só acontece em momentos onde o sublime se estabelece.
Carlos Zens é um músico contemporâneo, que transita entre o popular e o erudito, construindo melodias que cantam, emocionam e fazem brotar um movimento único e primordial; coletivo e sensível. Desse encontro surgiu o encantamento e a reverência. 
Reverência que acontece espontaneamente quando estamos diante do infinito, diante de um artista que move o mundo com a sua sensibilidade.
Desse encontro, alguns instantes, palavras e gestos de Carlos Zens, permaneceram comigo e transformaram-se no papel em uma nova construção, textual e emotiva.


O encontro com Carlos Zens me fez sentir diante de uma grandeza incalculável, o Cosmos: grande e frágil.
No início da conversa foi contando da sua história, das suas escolhas. Não queria simplesmente se juntar a uma orquestra. Pensava o seu caminho, sonhava o seu caminho...
Da escolha do caminho, se impôs a escolha do mercado. Imposições que não são fáceis de lidar, e quase nunca são justas.
Ele trabalha com a música, os sons que surgem em sua cabeça...(ou em sua alma?)
Ele trabalha com gente, alunos que vão surgindo em seu caminho, e que ele gentilmente vai dando aulas, conversando, emprestando instrumentos, conduzindo pela vida. O seu respeito pelo outro é profundo e segue a mesma delicadeza das notas que saem da sua flauta.
Falando sobre seus momentos de criação, foi falando das 'acontecências': acordou com uma música de Mozart na cabeça, e foi ela que conduziu uma nova composição.
Entre os sons da sua fala, e o passeio dos seus olhos, me sentia grata por compartilhar tantos momentos especiais de criação. Devaneei com Carlos Zens e quando voltei a realidade, ele falava em "Sagrar ….. Sagração …". Participava de um evento e a Sagração surgiu. Lembrei de Nijinsky e sua Sagração. De repente tantas coisas me vieram a mente.....
O mito da Sagração, que se relaciona com a terra e o simples.... com o primordial. Primordial como Carlos Zens e sua música.
Começou a falar das composições. Sua cabeça está cheia de coisas que desconhece, essas coisas afloram e buscam o suporte da sua mão, que transforma imagem em escrita musical e depois em som melodioso.
Senti uma reverberação agoniada em seu corpo, as criações o afetam profundamente. O que se exterioriza em sua fala é uma ínfima parte do que o revolve. Uma intensa ebulição o acomete, e ele em sua calma quase baiana, vai permitindo que migalhas desse processo transpareçam.
Tantas coisas foram ditas....... surgiu Jung e eu fiquei incrédula que realmente não estivesse sonhando. Perguntou do meu trabalho, do que eu pesquisava, e ao descrever a pesquisa com Jung, ele citou, de repente, "O Homem e os seus Símbolos" e depois foi pegar em seu quarto outro livro de Jung "O espírito na Arte e Ciência". Não era acaso, palavra melhor seria 'sincronicidade', mas tantas outras poderiam surgir, até 'um encontro de alma'.
Senti um respeito sagrado pelo seu momento, pela sua entrega, pela sua delicadeza e pela sua arte.
Um artista profundo e delicado, como o Cosmos que nos envolve.


Um comentário:

  1. Adriana Barcellos, as vezes nem me dou conta das minhas fazeduras de coisas, que são muitas, são palavras, viagens, sonhos e muitas criações, assim confesso a você que acho até bom, pois quando me dou conta, é bem depois, coisas da alma e do coração, por enquanto vou escrever aqui me satisfação pelo seu encontro, tão rápido, mas maravilhoso, no momento apenas digo estas palavras, também agradecimento e obrigado pela tua presença e pelas tuas palavras tão bonitas, para minha pessoa, vou ti enviar gradualmente, algumas palavras, essas são as primeiras. Um caçuá de abraço. Carlos Zens.

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