Retornar aos ensaios de Biurá, não significa apenas recuperar uma movimentação corporal, é ir além, muito além ...
Relendo os relatos de alguns ensaios numa aproximação lenta e cuidadosa, fui tomada por um turbilhão, e nele fiquei emocionada, remexida por lembranças antigas. Revivi os medos, os sonhos e toda a instabilidade que me acompanhou durante o processo de criação.
Dia 14 de Setembro de 2008
Não existe maior solidão do
que a consciência do inconsciente. Ele é maior e mais poderoso do que poderia imaginar.
Hoje no ensaio me veio uma tristeza
muito grande seguida de um grande medo. Chorei pensando na
fragilidade da vida e em como ela pode se esvair pela invasão do
inconsciente. Posso me perder de mim mesma.
Tentei a improvisação com o
colar, mas não consegui. Parece que toda a minha energia foi
embora. Minha vontade é sentar e ficar, sem me mexer.
Insisti e tentei iniciar a
improvisação com a imagem do homem de preto, mas não suportei nem
a música. Vou parar.
Dia 15 de Abril de 2009
Estou muito cansada, mas não sei se é
desculpa. Minha consciência está desperta , me sinto distante das
imagens da minha proposta. As músicas não me encantam e nem me
inspiram. Os movimentos me parecem falsos. Me sinto perdida com o
trabalho, toda criação do início parece não fazer sentido, parece
não ser nada. Não tenho vontade de continuar, mas preciso. As
imagens perecem estar vazias, preciso reencontrá-las e preenchê-las.
Estou no fim do trabalho, preciso
fechar, definir e não encontro mais nada. Parece que estou sendo
levada pelas vagas, pelas ondas imensas.
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