domingo, 3 de novembro de 2013

Biurá - Retornando aos ensaios





Retornar aos ensaios de Biurá, não significa apenas recuperar uma movimentação corporal, é ir além, muito além ...
Relendo os relatos de alguns ensaios numa aproximação lenta e cuidadosa, fui tomada por um turbilhão, e nele fiquei emocionada, remexida por lembranças antigas. Revivi os medos, os sonhos e toda a instabilidade que me acompanhou durante o processo de criação.


 Dia 14 de Setembro de 2008

Não existe maior solidão do que a consciência do inconsciente. Ele é maior e mais poderoso do que poderia imaginar.

Hoje no ensaio me veio uma tristeza muito grande seguida de um grande medo. Chorei pensando na fragilidade da vida e em como ela pode se esvair pela invasão do inconsciente. Posso me perder de mim mesma.
Tentei a improvisação com o colar, mas não consegui. Parece que toda a minha energia foi embora. Minha vontade é sentar e ficar, sem me mexer.
Insisti e tentei iniciar a improvisação com a imagem do homem de preto, mas não suportei nem a música. Vou parar.




Dia 15 de Abril de 2009

Estou muito cansada, mas não sei se é desculpa. Minha consciência está desperta , me sinto distante das imagens da minha proposta. As músicas não me encantam e nem me inspiram. Os movimentos me parecem falsos. Me sinto perdida com o trabalho, toda criação do início parece não fazer sentido, parece não ser nada. Não tenho vontade de continuar, mas preciso. As imagens perecem estar vazias, preciso reencontrá-las e preenchê-las.
Estou no fim do trabalho, preciso fechar, definir e não encontro mais nada. Parece que estou sendo levada pelas vagas, pelas ondas imensas.

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