... a vida, aos sonhos, à Dança, ao corpo, a alma .....
O encontro surge, quando menos esperamos, encontro das palavras que se fazem sugestões no texto de Renata Wenth, e na imagem de Manuel Estheim.
Fotografia de Manuel Estheim |
No que seria fértil o corpo da alma? Aonde a alma ganha corpo? Como
todos já sabemos, em um sentido junguiano e arquetípico, alma tem a ver
com imagens, com emoções, com fantasias, sonhos e estados de humor –
este é o corpo da alma.
Mas, como o corpo físico, o corpo da alma (seu tom, seu sabor, sua
consistência e conjunto) não é apenas dado, ele precisa ser cultivado.
Há um trabalho a ser feito com a matéria prima dada. Pois todos sabemos
que uma terra pode ser fecunda e apenas ser lotada de mato. Bem como
todos sabemos que a alma pode ser fértil em promover vida estéril, não?
Penso, por exemplo, na fartura da alma paranóide que em tudo encontra
sentido. Seria isso fertilidade ou esterilidade?
Resolvo assim: fertilidade e esterilidade se combinam, se entrelaçam.
Sofremos as agonias desta composição. Um nasce do outro. Um pode matar o
outro. De tão fértil a alma do louco se perde esterilmente em suas
imagens e emoções; de tanta dor, de tanta ferida infértil pode brotar
uma fertilidade anímica.
O trágico vem, como já falamos, de nossas dores. E o estético, de
quando com elas, as emoções e imagens, podemos fazer arte, de quando
deixamos que façam arte conosco tocando nossos corações. Da emoção que
permeia o lidar com o trágico e o estético — destes laços emerge a
fertilidade que a alma que tem corpo pode ter.
Especialmente gosto quando Rafael López-Pedraza fala das emoções que
vêm do interior e do exterior. As do interior já falamos aqui bastante,
mas sem a relação com o fora, com os olhos da alma das outras pessoas,
nada fazemos, nada criamos. A fertilidade do outro nos fertiliza. Penso
no quão bem faz vermos o como os outros olham as situações (e nos olham)
de formas diferentes da nossa.
Renata Wenth
Texto publicado no site do Instituto Impar - Instituto Mantiqueira de Psicologia Arquetípica
Fonte:
http://www.institutoimpar.com.br/?p=1936
Fonte da Imagem:
https://www.flickr.com/photos/manuelestheim/