Foi numa Sexta - Feira Santa como hoje ......
No dia 08 de abril de 1950, Nijinsky fazia seus últimos movimentos antes de transpor nosso universo material. Segundo escritos na biografia de Françoise Reiss, ele fazia os movimentos de braços que por tantas vezes repetiu no Balé "Le Spectre de La Rose".
"[...]Atingido por uma afecção renal, o seu estado piora bruscamente no Hotel de Londres onde o casal se instalou. Transportado para uma clinica, repete, no seu delírio, os gestos do Espectro da Rosa, os famosos movimentos de pulso por sobre a cabeça [...].
Alguém chama um padre para os últimos sacramentos. Romola Nijinsky não deixa a cabeceira do marido. Ele dirige-lhe um último olhar de ternura. É manhã de Sexta - Feira Santa, 8 de Abril de 1950. Na morte o rosto de Nijinsky ganhou uma beleza maravilhosa, em que a graça parece como marcada para a eternidade."
(Reiss, 1958, p. 259)
Nijinsky já sofria a sensação de morte, de si mesmo e de sua Dança. Ao longo da leitura dos seus Cadernos, é possível vivenciar com ele a amargura da sua imobilidade e a ansiedade por deixar seus escritos para o mundo, como se o tênue fio de sua existência estivesse se rompendo.
“Resta-me pouco
tempo de vida, por isso quero atingir meus objetivos o mais depressa
possível.”
(Nijinsky, 1998, p. 126)
“O seu olhar não
era nem embaciado, nem privado de sentimento, era antes o olhar de um
ser que é forçado a viver na terra, mas cuja alma voou para regiões
de tal maneira longínquas que ele é talvez incapaz de a encontrar,
a essa alma errante mas existente, essa alma que mantinha nos seus
olhos um olhar calmo e triste.”
(Chapowalenco apud Reiss, 1958, p.
251)
Referências:
Nijinsky, V. Cadernos de Nijinsky: o Sentimento. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1998.
REISS, F. A Vida de
Nijinsky. Lisboa: Estudos Cor, 1958.