Acompanho o trabalho da Cia Amok de Teatro há algum tempo. Trabalho sensível, profundo e simbólico.
"Cartas de Rodez" foi o primeiro que me chamou a atenção, por tratar do universo da loucura vivenciado e descrito por Artaud em cartas à seu médico. Estas cartas foram escritas de 1943 a 1946, período em que Artaud esteve internado no manicômio de Rodez.
Coincidentemente este espetáculo estreou no Rio, no Instituto Philipe Pinel, quando eu começava a minha imersão e pesquisa nos labirintos da loucura, na tentativa de compreender o processo vivido por Nijinsky, que resultou anos depois no espetáculo Skizo.
Skizo foto de Stefan Patay |
Acompanhei um Ciclo de Debates, intitulado "Teatro e Loucura: Vozes da Cidade", que aconteceu na mesma sala onde a peça era encenada. Lembro do cenário que permanecia montado durante o ciclo de palestras e de como aquelas imagens eram marcantes.
Só anos mais tarde, consegui assistir a peça, e a profundidade da montagem só reafirmou o universo tão doído e tão devastador da loucura.
"A vida é a imitação de algo essencial, com o qual a arte nos põe em contato".
Antonin Artaud
“Não quero que ninguém ignore meus gritos de dor e quero que eles sejam ouvidos”.
Antonin Artaud
“O eletrochoque me desespera, tira minha
memória entorpece meu pensamento e meu coração, transforma-me num
ausente que se percebe ausente e se vê durante semanas perdido em busca
de seu ser como um morto ao lado de um vivo.
Na última série eu fiquei
durante todo o mês de agosto e setembro absolutamente impossibilitado
de trabalhar, de pensar e de me sentir ser.
Peço que me poupe de uma nova dor, isto me fará repousar, Dr. Ferdière, e preciso muito de um repouso.”
Antonin Artaud
Ana Teixeira, diretora da peça e da Companhia escreveu em 1999, um belíssimo artigo sobre a peça e Artaud intitulado "O Teatro da Cura Cruel", publicado na Revista Interface, uma publicação da UNESP que aborda a relação entre saúde mental, educação e cultura. Para acessar o artigo completo Clique aqui
Fonte: http://www.amokteatro.com.br/