sábado, 16 de fevereiro de 2013

Impressões e Sensações de uma vida com muitos Resíduos

Dificil começar a nomear as impressões e sentimentos que me ocorreram neste lugar...
Vou começar pela vida ao redor: chamou a minha atenção o lugar, as casas do outro lado da rodovia, a mata, as montanhas e os urubus, muitos urubus!
É um local de descarte, de depósito de resíduos, do que não serve mais, do que foi usado e do que não tem mais utilidade. É um depósito de vidas também! Vi poucas pessoas, olhei poucos rostos de perto, os trabalhadores deste local pareciam também estar ali depositados executando suas tarefas, já imersos e imunes ao contato, ao cheiro e a visão.
A quantidade de lixo é grande, mas eu esperava mais, em se pensando na produção diária no município de Petrópolis. O cheiro é forte, incomoda e a quantidade de urubus é muito grande. Eles sobem e descem fugindo de uma máquina que compacta o conteúdo depositado naquelas milhares de sacolas coloridas, volumosas, mas não atraentes.



O céu azul com os pontos pretos salpicados, parecem indicar um diferencial naquele lugar, e o contraste é grande quando descemos o olhar do céu azul para o aterro.
Acho que incomoda muito ver as pessoas que trabalham nesse lugar, que convivem com esses restos, restos de humanidade. Talvez seja essa visão que despertou o sentimento de “tristeza no coração”, relatado por Ana Carolina; de “culpa” relatado por Elizandra; e de “responsabilidade” por Ana Paula. Talvez por que somos parte daquela produção de lixo e da produção daquelas condições.
Um caminhão com a inscrição “abençoado” me chamou a atenção, e fiquei pensando nas possibilidades de benção naquele lugar.
No galpão da Cooperativa de Reciclagem, o ambiente é diferente. Não existe o cheiro, as moscas, os urubus, os materiais são mais limpos; mas não senti diferença no meu sentimento em relação as pessoas que ali trabalhavam.
Um senhor de 85 anos que separava materiais em uma bancada com uma camiseta escrita “Harmonia” nas costas, foi um momento de poesia e ao mesmo tempo de dura realidade. No contraponto das idades, havia um rapaz aparentemente em idade escolar, mas provavelmente fora da escola. Vi outras pessoas mais velhas e refleti sobre o nosso sistema sócio-capitalista de tantas desigualdades e interesses.





 
Nossa sociedade se resume a consumir: uns mais, outros menos; uns de forma mais consciente e outros de maneira descontrolada. O que geramos de resíduos, é o necessário, indispensável, ou poderia ser menos? É uma reflexão que vale a pena desenvolver.
Com certeza o trabalho na Cooperativa é melhor do que nos antigos lixões, mas será que basta apenas ser melhor?
Nossa sociedade avançou tecnologicamente em muitos pontos e não é possível voltar atrás. Consumimos, produzimos resíduos e estes resíduos devem ser recolhidos, manejados e reaproveitados ou descartados, em condições de segurança e remuneração que dignifiquem esse fazer tão duro e difícil.
A consciência precisa ser desenvolvida para podermos olhar e encarar o mundo que construímos e vivemos. A evolução do homem e da sociedade deve seguir seu caminho, mas de uma forma consciente, comunitária e principalmente mantendo o chão que nos suporta. Parafraseando Carl Sagan, o “[...] nosso pálido ponto azul”.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Visita ao aterro sanitário de Pedro do Rio em Petrópolis – 21/05/12

Na sequência do trabalho sobre Cidadania, o Ciep Brizolão 137 Cecília Meireles aderiu ao projeto “Coleta Seletiva Solidária” desenvolvido pelo INEA – Instituto Estadual do Ambiente, ligado à Secretaria Estadual do Meio Ambiente - junto as escolas públicas do estado do Rio de Janeiro.
A proposta do projeto é conscientizar sobre o lixo – resíduos – e como estes resíduos podem servir de trabalho a uma classe trabalhadora em crescimento na nossa sociedade, a das pessoas que trabalham com a separação dos resíduos e sua reciclagem.
Os integrantes do projeto de Dança participaram da visita ao aterro sanitário localizado em Pedro do Rio, município de Petrópolis, e ao galpão de reciclagem localizado na mesma cidade. Abaixo algumas fotos das atividades. Um vídeo foi feito no dia da visita, assim como um texto que escrevi a partir do que presenciamos e sentimos aquele dia, material que será postado na sequência.











sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Arte

Poem & Painting by Grace Patricia Pani
 "...a arte consola, conforta, é pão espiritual... somos famintos de transcendência... tem algo mais nos acenando de dentro do nosso próprio ser... vida interior, simbólica... a arte nasce da profundidade da nossa alma, do nosso sentimento... e produz a partir daí... a obra lhe é dada, oferecida como um dom para o deleite, para a alegria de toda a comunidade humana... pois estamos procurando as coisas espirituais, de natureza divina... sem isso a gente está regredindo à pura barbárie... para a humanização, a arte está no mesmo caminho da mística, da fé religiosa..." (Adélia Prado)

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Luzerna

Alguns sonhos são tão fortes e carregam imagens tão potentes que me calam. Hoje estou assim calada pela ação do inconsciente, não sei o que ele quer me dizer, mas entendo que não é algo fácil.
A lembrança do sonho desta noite começa com muitas luzes, como se fossem muitos faróis que vinham em minha direção e me cegavam. Entendi depois que eram faróis de carros, (pareciam muitos), e que eu tinha sido atropelada.
Depois estou dentro de um ônibus, eu sento sempre no primeiro banco solitário e fico em silêncio, tudo está em silêncio, nem o motor do ônibus faz barulho; também não há vozes de pessoas conversando, pois só estamos eu e o motorista no ônibus. O Ônibus vaga por ruas muito escuras, e só há luz nele, como se fosse um vagão de luz em meio a trevas. Eu desço de um ônibus e entro em outro, faço isso muitas vezes, parece que eu estou vagando. Nesse momento reparo que os motoristas sempre escolhem um lugar melhor para eu descer. Desço do ônibus e me vejo caminhar com muita dificuldade, percebo que minhas pernas estão tortas e deformadas. Penso com tristeza: "Estou aleijada, e minha dança?"




Luzerna significa clarão de luz, forte e intenso.
Essa postagem, chamei de Luzerna, por causa das luzes muito fortes do sonho desta noite, que acabei associando com essa lenda.
Segundo os moradores e frequentadores de caminhadas noturnas, as Luzernas as vezes apareciam no escuro da floresta, luzes que eram algum tipo de assombração. Quando alguém via uma Luzerna, não podia falar dela, apontar ou ficar olhando, pois elas vinham em cima, como num ataque.
Procurando pela descrição desta lenda achei pouca coisa, poucos relatos

"No Vale de Santa Luzia a Luzerna vivia andando à noite nas estras e trilhas da região em plena escuridão. E vez em quando passava por dentro do povoado Barrinha de Santa Luzia, quando ainda não tinha eletricidade e assustava os moradores. A Luzerna é uma bola de luz que fica flutuando pelas estras e caminhos, de longe parece um farol de automóvel."
Fonte:  http://imitaideias.wordpress.com/2011/09/23/mitos-e-crendices-no-vale-de-santa-luzia/


"Luzernas no popular do imaginário popular nordestino se refere a duas luzes que se degladiam a noite inteira batendo uma contra a outra (seria a alma de dois cumpadres que morreram sem se falar). Em alguns casos essas aparições partem para cima dos mais curiosos que tentam ver de perto o que está acontecendo, daí vem o nome de Fogo Corredor."

Fonte: http://aquidenois.blogspot.com.br/2012/06/lenda-popular-voce-sabe-o-que-e-luzerna.html

Fonte da Imagem: http://ficcaoc.blogspot.com.br/